domingo, 4 de outubro de 2009

QUEM SOU EU

Ao terceiro dia do abril
de dezoito anos atrás, nasci.
Era outono, mas o tempo
que fazia não lembro.
E desde então tenho vivido.
Vivi a infância;
a adolescência eu estendi.
Se adulto, ignoro. Por ora.

Dos meus dias, sei que
fiz um pouco de muito,
e nada de muito,
mas muito de pouco também.
Deixei incompletos
feitos que eram na teoria gloriosos,
e completei tarefas
baixas que na prática
me foram importantes.

Tive medo,
tive preocupações
tive desejos e
contive impulsos
quando pude.
Se me prestei a mentiras,
sanei-as com verdades,
e se fui sincero em demasia,
omiti depois as inutilidades.

Conheci gente nesse mundo.
No entanto , nunca mais vi alguns que conheci,
Alguns que conheci eu nunca vi;
A maioria dos que vi não conheci,
e vejo ainda alguns que conheci.

Feri pessoas,
e o contrário também
aconteceu.
Perdoei ou me vinguei,
mas geralmente esqueci.

Conquistei muito.
Perdi bastante.
Não tive tudo o que quis, nem
quis tudo que tive,
mas aprendi a querer
bem as coisas que tive,
e a conservá-las.

Fui compreensivo;
por vezes impiedoso,
mas tentei ser justo
à minha maneira.

Errei na mão
acertei o ponto,
e o fim saiu até que razoável.

Cantei muito, mesmo que mal,
vivi trauteando por aí
aquelas velhas canções
que trouxeram lembranças
ou novos sons que me
deram esperança.
Levei a música dentro de mim,
levei as palavras de livros bons,
de livros ruins,
de livros interminados.
Mas escrevi pouquíssimo.

Vi o nascente e o poente,
acho que senti a escuridão da noite
anterior à Inflamação do Céu.
vivi nas nuvens raras,
até falei com elas,
sem resposta.

Fui faceiro, ou taciturno,
hipócrita e verdadeiro,
às vezes ambíguo,
ou paradoxal.
Tentei ser diferente,
fazer diferente,
pensar estranhamente.
Mas fui eu mesmo e único.
E sou.

(Escrito por Eduardo. Meu filho!)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

terça-feira, 9 de setembro de 2008

SONHO Nº 3


Abro minha caixa de guardados
e entre recortes e fragmentos,
deixo partir o que não fomos,
não pudemos.


Olho além da imagem
e calo silêncios e desejos,
para que durem as palavras

e o que não tivemos.

Deixo que se esvaiam
pelos mares
meus mapas indecifrados.


Naufrago na idéia do teu ser.

Quero sim esquecer.
Mas não posso mais.








segunda-feira, 4 de agosto de 2008

LAMENTO


Resisto ao impulso de te procurar.
Entre velhas palavras e opacas sensações,
pensamentos sem respostas e lembranças vagas.
Viro a página sem histórias nem memórias,
interrompendo sinais e poemas inexistentes.
Guardo destinos não cumpridos
e evoco o segredo que teu silêncio cala.
Delicados afetos se transformam
em cinzas e doçura, perdas e procuras,
porque a noite chega.
E dorme comigo o impulso de te procurar.

terça-feira, 29 de julho de 2008

ERRANTE


te alicio

em rituais de insônias,
bálsamos e errâncias,
travos e litanias.
me confundo,
insanamente.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

~.~.~.~.~.


Eu e você...
Com quantas palavras
se faz poesia?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

VAZIOS


Um certo gosto de passado,
do que não foi
não poderia ser
não se fez
não cumprimos.
Ficamos.
Sem o adeus que fere
e encerra.
Sem talvez
ou rituais ordinários.
Sem perdas.
Nem partidas.